sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Desencontro



Era fim do crepúsculo,
quando outrora, um ruído incomodante e alto, estrondou: - Era o meu telefone!
Depois de alguns segundo eu desliguei e ao mesmo tempo corri para o banho.
De repente eu estava montada de coisas fúteis e clichês.
Por fora, cheia de cheiro e charme
e por dentro, uma leve esperança de que algo anormal pudesse acontecer.
Ao sair de casa, algo fazia a minha consciência pesar.
Eu continuei meu caminho, sem dar tanta importância.
Fui a um, dois, três lugares diferentes e para mim, tudo estava normal.
Aquelas pessoas, aquela mediocridade, aquela música,
tudo era perturbador.
Resolvi dar ouvidos a minha consciência e voltar para casa.
No meio do caminho ouvi um som distante. Era agravável!
Cheguei mais perto...
Estava em um lugar oposto a todos os que eu estive naquela noite.
E diante daquele lugar eu olhei para o céu e refleti o mesmo pensamento:
Aquelas pessoas, aquela mediocridade, aquela música,
tudo era incomodante.

Dessa vez eu não entendi.
As pessoas eram diferentes, o lugar era agradável,
a música era extremamente boa, era uma das quais eu mais costumava ouvir.
O que poderia estar errado?
Foi aí então que eu percebi que o problema era apenas eu.
O mundo girava e mudava e eu continuava ali, no mesmo canto.
Numa espera sem fim de não saber o que esperar.
Me dei conta de que faltavam algumas horas para amanhecer,
resolvi voltar para casa e ficar lá pela frente, na espera do sol.
Fazia tempo que eu não o olhava ao nascer,
e eu tinha, de todo o jeito, tentar sair do igual.


Nathália Araújo.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Quarto escuro .



Paredes coloridas, fotos coladas, poeira no recanto da parede.
Luzes fluorescentes apagadas, inodoro, abafado, era ele, aquele quarto escuro.
Haviam muitas lembranças,objetos importantes, uma bagagem de coisas fúteis,
Malas desfeitas, coisas organizadas(poucas coisas organizadas) e um relógio de parede
que me fazia perder a noção do tempo sempre.
Aquele quarto escuro não era um simples quarto.
Existia uma história ali.
Haviam caminhos limitados, noites maravilhosas,sonhos inacabados e piores pesadelos.
Era ali que o primeiro raio de sol invadia o travesseiro,
acordando seja lá quem fosse, dando bom dia a vida e a amarga solidão.
Ele era abrigo para muitos mas se sentia auto suficiente e contentado apenas com a minha presença.
Na verdade, era só isso que ele queria o tempo todo,
nada mais além de mim.

Nathália Araújo .

Suicida



Assassina de corações partidos e de boas lembranças,
ela matava todos eles.
Matava aos poucos os sentimentos, os objetos, os detalhes.
Ela tinha esse dom, o dom de matar!
Assassinava qualquer um que chegasse perto,
algumas vezes era sem querer, mas nunca deixava de exercer o seu trabalho: Matar!
Era como se sua vida dependesse disso,
e aos poucos, sem se dar conta,
ela conseguiu assassinar à si mesma, com uma morte cruel,
dando vida a todas as suas angústias.
Em sua memória, assassiram seu velório e todas as suas lembranças.
Era isso que ela queria, ser assassinada nos pensamentos de todos.

Nathália Araújo.